Mary Taranger, 83 anos, é natural da Suécia e está no Brasil a 53 anos. Casada com o Pr. Nils Taranger, possui 6 filhos e 5 netos. Senhora de muita fibra, esteve presente ao lado de esposo durante os xx anos em que este pastoreou a Igreja Assembléia de Deus, não hesitando em momento algum ao administrar com firmeza e dedicação as obras sociais implantadas durante a trajetória histórica desta igreja no Rio Grande do Sul. Idealizadora e Presidente de honra da Clínica Esperança, aceitou prontamente nosso convite para fazer uma visita a instituição e contar-nos sobre a origem desta sua iniciativa. A seguir o resultado deste encontro.

  HIVIDA- Como nasceu o desejo de fundar uma clínica para crianças portadoras do vírus HIV?

Mary- Há uns três ou quatro anos atrás uma moça nos procurou junto ao Orfanato, querendo falar muito comigo, era próximo do meu aniversário e eu estava me preparando para ir viajar para a Suécia. Naquela ocasião a moça contou-nos que estava muito doente, precisando de ajuda, que ela e sua criança tinham o vírus HIV, e que sua família não lhe aceitaria. As pessoas da comunidade costumavam nos procurar, porque nos conheciam e sabiam do trabalho que fazíamos aqui. Nós não tínhamos como ajudá-la naquela situação, mas eu fiquei muito impressionada com sua história e primeiramente a ajudamos financeiramente, com um lugar para ficar e também comida. Passado algum tempo ela faleceu e a avó ficou com a criança, e não a vimos mais. Eu me senti muito tocada por esta situação, já começavam a surgir casos assim e nós não tínhamos como ficar com as crianças.

HIVIDA- Quais foram os primeiros passos para a implementação do trabalho?

Mary- Logo após eu viajei para a Suécia e lá busquei algumas orientações, informações junto a ERIKS HJALPEN, uma organização internacional, onde os diretores são meus amigos. Ao Verem meu interesse, resolveram me presentear (pelo meu aniversário) com um contrato de auxílio para iniciar o trabalho de uma clínica.

Nós já tínhamos uma casa aqui nesta área, junto ao IBE (Instituto Bíblico Esperança), que precisava só ser reformada, então eles investiram na reforma e manutenção. Na época minha família achava que eu estava "louca" (sic.) em iniciar um trabalho tão difícil, complexo, naquela altura da vida, aos 80 anos de idade e sem nenhuma especialização, mas eu tinha fé, Deus tinha tocado meu coração com a história daquela jovem. Depois de pronta a casa formamos um grupo de apoio com mais ou menos 20 irmãs (da igreja), para trabalharem em todos os sentidos, desde a organização do trabalho até as atividades domésticas. No início criamos uns cartões para serem adquiridos em colaboração a Clínica, divulgamos o trabalho na Igreja, solicitando a contribuição de todos. Depois as coisas foram se organizando a partir das necessidades que iam surgindo.